Finanças pessoais

Conheça o perfil dos superendividados de Santa Maria

Juliana Gelatti

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O levantamento feito ao longo de quatro anos por estudantes e professores do Centro Universitário Franciscano confirmou algumas ideias sobre o superendividamento, mas também quebrou alguns estereótipos. A pesquisa foi divulgada na tarde desta quinta-feira.

Entre as constatações está que 76% das pessoas que procuraram ajuda para sanar as dívidas devem mais de R$ 5 mil. Outros dados se referem à idade, renda familiar e causa do superendividamento veja abaixo.

A base de dados é composta pelas fichas preenchidas pelas pessoas que procuraram o serviço de prevenção e tratamento do superendividamento, da Clínica de Finanças da instituição, formada por estudantes e professores dos cursos de Direito, Ciências Econômicas e Psicologia. Logo, as informações não contemplam aquelas pessoas que estão devendo, mas não procuraram o serviço.

Alexandre Reis, professor do curso de Economia, comenta que, no fundo, a causa do superendividamento é a falta de educação financeira:

E o problema é que essa educação só se alcança a longo prazo, enquanto que o problema de uma dívida maior do que o salário é urgente.

Segundo Reis, cartão de crédito e o crediário de lojas estão entre os principais tipos de dívidas dos santa-marienses.

O curso de Psicologia entrou no projeto neste ano e os estudantes e professoras envolvidos já detectaram que o sofrimento às vezes é a causa e em outras, a consequência das dívidas:

Não faz parte da nossa cultura o poupar para se proteger de imprevistos. E o brasileiro é muito otimista, fica esperando que tudo vai melhorar e não se previne. Além disso, há pessoas que descontam alguma outra frustração da vida no consumo explica a professora Fernanda Jaeger.

O projeto implementado em 2008, de reunir superendividados e seus credores para negociar é pioneira em Santa Maria, que foi a primeira cidade do interior a ter esse tipo de projeto.

De acordo com o professor do curso de Direito, Vitor Hugo do Amaral Ferreira, em breve a Justiça poderá estar fazendo algo semelhante, conforme um capítulo da proposta de atualização do Código de Defesa do Consumidor, em discussão no Senado:

O que se propõe é que o superendividado possa entrar com uma ação judicial para tentar a conciliação com o seu credor. Hoje, o que fazemos aqui, é uma reunião de conciliação que é homologada pela Justiça explica Ferreira, salientando que o programa se dirige a pessoas que tenham um valor a oferecer por mês até as dívidas acabarem.

 

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